Ultimamente tenho lido alguns livros do Pr. Eugene Peterson que tem me inspirado teologicamente sobre a questão da oração/espiritualidade. Baseado nisso, nessa semana que falar algo sobre o Salmo 46.
Dois mandamentos nos direcionam do mundo da mente pequena da
auto-ajuda ao imenso mundo da ajuda de Deus. Primeiro, “venham, contemplem as
obras do Senhor”. Deem uma olhada longa e detalhada naquilo que Deus está
fazendo. Isso requer atenção, paciência e concentração energética. Às vezes,
parece que todas as outras coisas são mais barulhentas que Deus. As manchetes e
frases em neon e os amplificadores de som do mundo anunciam as obras
humanas. Mas, e as obras de Deus? Para muitos elas são pouco conhecidas, mas
também são inevitáveis se simplesmente as olharmos. Elas estão em toda a parte.
Elas são maravilhosas. Deus, no entanto, não tem agência de relações públicas.
Ele não monta nenhuma campanha publicitaria para obter nossa atenção. Ele
simplesmente nos convida a olhar. Neste convite, o caminho da oração é uma forma esplendida de olhar para as
obras do Senhor.
Por exemplo, posso dizer que Deus está engajado no desarmamento
mundial. Todas as tentativas pelas quais homens e mulheres tentam impor à força
suas vontades sobre seus semelhantes e inimigos são jogadas no lixo. A
violência não funciona, nunca funcionou. Nunca funcionará. Armas não são
funcionais.
A história da violência é uma história de fracassos. Nunca
houve uma guerra vencida. Nunca houve uma batalha vitoriosa. O usa da força
destrói toda realidade que é exercida em seu favor, quer seja honra, verdade ou
justiça. Vivendo no tipo de mundo em que vivemos e sendo os pecadores que
somos, às vezes não conseguimos evitar a violência. No entanto, mesmo quando
ela é inevitável, não é correta. Deus não tem parte nela.
Um olhar firme e constante sobre as obras de Deus enxerga
que a nossa produção tola e frenética de armas (quer elas sejam pessoais, quer
nacionais, psicológicas ou materiais) está sujeitando ao desarmamento
sistemático e determinado. A ação violenta é a antítese da ação criativa.
Quando não temos mais vontade ou paciência de sermos criativos, tentamos
expressar nossa vontade por meio da coerção. Sendo assim, sou levado a pensar que a preguiça e a imaturidade
respondem por grande parte da violência mundial. Por mais predominante que a
violência seja, no entanto, a pessoa em oração enxerga que ela não é a maneira
como a maior parte do mundo, pelo menos não o mundo da ação de Deus, trabalha. São
necessárias, no entanto, energia e maturidade para enxerga-la e sustentar essa
visão.
O Salmo 46 leva-nos a outro mandamento: “aquietem-se, e
saibam que eu sou Deus”. Isso é muito interessante. Parem de correr pelas ruas
e percebam que há mais na vida do que as suas “correrias” permitem que vocês
vejam. A inquietação nos torna incapazes de ter intimidade, de possuirmos
relacionamentos profundos. Quem está disposto a manter uma conversa, da mais
simples que seja, com uma pessoa que não para quieta para ouvir? Com Deus é da
mesma forma. Se Deus é o centro vivo da redenção, é importantíssimo estarmos em
contato com essa vontade pessoal e respondermos a ela. Deus possui uma vontade
para esse mundo e precisamos estar sintonizados com ela, devemos persistir até
descobri-la, até encontrar o nosso lugar nessa vontade soberana. Mas só
descobriremos, se nos aquietarmos...
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