Viver
a Missão, pregá-la com amor, com paixão é exercer o real evangelho de Cristo
neste mundo, praticar o exemplo que encontramos em sua Palavra. Não se trata de
tarefa fácil, mas é o grande desafio da Igreja Cristã contemporânea, pois em
muitos casos a mensagem cristã é identificada (sobretudo em países orientais)
com o colonialismo, por isso, nesse caso, deve-se romper com os laços do
passado, onde a “fé” e a “missão” serviram de instrumento de subordinação e exploração.
Viver a “Missio Dei” (missão de Deus) é viver/praticar a compaixão de Deus em
meio ao mundo corrompido, explorado e enganado por suas “próprias paixões”. Durante
muito tempo os colonizadores realizaram a expansão ultramarina sob a cruz de
Cristo, onde a espada e a fé se fundiram.
Contudo, quando se olha com atenção para a história, e
para as palavras de Jesus registradas por Mateus (28. 19-20) surge diante da Igreja
um grande desafio: O de ir, de ensinar, esclarecer, para que ocorra a
transformação em meio ao povo, gerar discípulos.
É preciso libertar o povo de uma religiosidade e
espiritualidade profundamente sincrética, de uma fé que vê Jesus somente como
um político que está preocupado com o social, assistencialista, assim como de uma
fé intolerante e fanática, que escraviza milhares de pessoas. A Missão também
possui o desafio de emancipar pessoas de uma fé que não é experimentada como
desafio, que não opera transformação nos corações e mentes, produzindo
esperança e regozijo; libertar o povo de uma espécie de repetição mística de
tristeza, conformismo, e oferecer-lhes o
Cristo Filho de Deus, diferente do então conhecido, um Jesus que transforma vidas, liberta da escravidão do pecado, e
garante vida eterna. Pregar um Cristo diferente do que popularmente se
difundiu em muitas mentes religiosas, que anunciou o Reino a todos, mas que,
insiste na conversão pessoal, na transformação e salvação do indivíduo e de sua
realidade.
Precisamos resgatar a teologia da graça da Reforma
protestante, a qual aponta para os dilemas teológicos do pensamento a respeito
dos méritos. Quando Lutero olhou para o texto de Romanos 3.21-31, assim como toda
a carta aos Romanos, fez uma grande descoberta, percebeu que realmente não há
nada de bom nele. Nem mesmo os seus esforços, por mais sinceros que sejam,
poderiam mudar o seu estado de perdição. Ele depende única e exclusivamente da
obra de Cristo na Cruz, que é completa.
A “loucura da Cruz” muitas vezes, é perdida de vista
ou mascarada, inventa-se então um evangelho que é maleável, esquecemos da
“loucura, do escândalo da Cruz”. E pregamos um Cristo adaptável aos nossos
anseios e costumes. Redescobrir Jesus, crucificado e ressurreto se faz necessário
para uma prática missionária relevante. Precisamos resgatar o sentido de “ser
igreja” de Jesus neste mundo de contradições e ambiguidades no qual vivemos.
Somente assim poderemos ter certeza de que estamos contribuindo de maneira real
e eficaz para o crescimento do Reino de Deus neste mundo.
Enfim, testemunhar, ensinar, esclarecer
é a missão nossa, missionários, pastores teólogos, de todos os conhecedores da
Palavra e da história, pessoas que fazem parte da Igreja de Jesus Cristo, seus
discípulos. Não existe fé cristã se não existir algo de que é preciso dar
testemunho público e incondicional.
“Mas
recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins
da terra.” At 1.8
Ângela Reiner Alves – professora de
Grego e Hebraico e Coordenadora Pedagógica do CETAD-PB
Magnífico. - Viver a “Missio Dei” (missão de Deus) é viver/praticar a compaixão de Deus em meio ao mundo corrompido, explorado e enganado por suas “próprias paixões”. -
ResponderExcluirInclusive, tem uma citação de Jonh Piper que eu acho válida aqui: "Se você altera ou obscurece o retrato bíblico de Deus para atrais convertidos, você não converte pessoas a Deus, mas a uma ilusão."
A vida Cristã é (deve ser) regida pela prática de Cristo.