Penso que não foi fácil a decisão
de Davi de recusar a armadura de Saul, justamente no dia em que ia lutar contra
Golias. Deve-se entender que nesse momento ainda não havia a disputa e inveja
que posteriormente corroeria Saul e o levaria a uma corrida doentia de “caça” a
Davi. Davi, ao que tudo indica, amava e servia o Rei. O Rei Saul era esplêndido
e poderoso, e, também ao que parece, admirava e amava a Davi e estava fazendo
tudo o que podia para auxilia-lo, inclusive emprestando a própria armadura. No
entanto, apesar de tudo isso, Davi retirou o capacete, dispensou a armadura e
despiu-se dela. Essa não deve ter sido uma decisão fácil. Se livrar de todos
aqueles recursos oferecidos.
Acontece que ter ido encontrar
Golias vestindo a armadura de Saul teria sido um desastre. E é aqui que se
encontra uma lição do Pr. Eugene Peterson: “Sempre acaba em desastre quando se
abre mão da autenticidade. Davi necessitava do que era autentico para ele”.
Fico impressionado ao imaginar
essa cena com o fato que Davi foi ousado o bastante para rejeitar a sugestão de
fazer a sua obra sem autenticidade (ao não querer usar a armadura de Saul); e
foi modesto e ousado o suficiente para usar somente o que adquirira habilidade
para usar nesses anos como pastor de ovelhas (sua funda e algumas pedras). E
ele matou o gigante.
Isso é um problema. Isso é um
dilema. Há pessoas que não conseguem ter autenticidade. Usam uma voz que não é
sua. Ao orar, imitam outros; ao pregar imitam outros; repetem frases de efeito
e vivem de “chavões”. Não possuem padrões éticos fortes o suficiente para tomar
decisões, com isso seus comportamentos são dúbios, ou como popularmente se diz:
“dançam conforme a música”. Pode dar certo por um tempo, mas isso não é suficiente
para derrotar Golias.
O outro lado dessa questão está
no fato de a nossa volta estarmos cercados de pessoas que se importam conosco.
De repente estão ali ajudando, reunindo um exército que nos auxiliará,
vestindo-nos com excelentes equipamentos de guerra que nos qualificará para a
tarefa. Pessoas que verdadeiramente estão preocupadas conosco e nós nos
sentimos tocados por suas preocupações, impressionados por suas experiências,
dons e talentos. Surge então o discernimento para saber o que é autêntico, quem
sou eu. Qual a minha vocação? Qual é a minha armadura? Isso se chama equilíbrio, discernimento.
Com todo esse equipamento, às vezes oferecido, percebe que mal consegue se mover. A autenticidade, e o equilíbrio às vezes nos fará dizer: "muito obrigado, vou ficar com a minha funda e as minhas
pedrinhas".
Para terminar: tornem-se cada vez mais fortes, vivendo unidos com o
Senhor e recebendo a força do seu grande poder. Vistam-se com toda a armadura
que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do Diabo. Pois
nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais
do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes
que dominam completamente este mundo de escuridão. Por isso peguem agora a
armadura que Deus lhes dá. Assim, quando chegar o dia de enfrentarem as forças
do mal, vocês poderão resistir aos ataques do inimigo e, depois de lutarem até
o fim, vocês continuarão firmes, sem recuar. (Ef 6.10-13)
Às vezes nós temos a intenção de lutar com o que parece melhor para os outros, quer seja orgulho, quer seja posição, quer seja influência, mas o Senhor nos dá armas diferentes.
ResponderExcluirE as armas que parecem boas aos olhos do povo, funcionam como armadilhas para nós.
"Pode dar certo por um tempo, mas isso não é suficiente para derrotar Golias.
Qual a minha vocação? Qual é a minha armadura?
Isso se chama equilíbrio!"
Ótimo texto.