terça-feira, 12 de junho de 2012

A Felicidade


Bem aventurados...
Segunda a ideia contida no Evangelho segundo escreveu Mateus 5.1-11, a felicidade não está em um lugar ao qual chegamos, em um nome de rua, um número de casa, um CEP, mas na maneira como caminhamos, como vivemos a vida. A felicidade é o maior anseio do ser humano. Corremos a todas as fontes que nos prometem o segredo da felicidade. Jesus nos dá a receita da verdadeira felicidade, e, a boa notícia é que a felicidade não é algo que compramos com dinheiro, mas um presente que recebemos de Deus. O dinheiro pode nos dar uma casa, mas não um lar; pode nos dar conforto, mas não saúde; pode nos dar um rico funeral, mas não vida eterna; pode nos dar aventuras, mas não a felicidade verdadeira.

Devemos entender que a felicidade não está nas coisas que vemos, mas é uma atitude do coração. Não é um pagamento de nossas virtudes, mas um presente da graça. Não é algo que conquistamos pelo esforço, mas um dom que recebemos pela fé.

São sobre essas questões que Jesus trata na introdução do Sermão do Monte, nas Bem-aventuranças. A ideia é que a felicidade não procede do mundo, mas de Deus, pois é na presença de Deus que existe alegria verdadeira e perene. Nesta perspectiva o filho pródigo descobriu que a felicidade não está nos amigos que partiram quando seu bolso esvaziou. A felicidade que o mundo proporciona é passageira e superficial, não resiste aos tempos de crise, aos tempos de invernos. Quando o dinheiro acabou e os amigos foram embora, sentiu o vazio e a solidão da infelicidade. Percebeu que o pecado é uma fraude; promete prazer e produz desgosto; promete vida e gera a morte.

A busca do prazer, da alegria, em si, não é errado, é legítima, mas só pode ser encontrada em Deus. Agostinho, no seu livro confissões declarou: “Senhor, tu nos criaste para Ti, e a nossa alma não encontrará descanso até repousar em Ti”.

Pr. Hernandes Dias Lopes diz que a verdadeira felicidade é um paradoxo aos olhos do mundo, pois consiste em abraçar o que o mundo repudia e repudiar o que o mundo aplaude. Leon Morris diz que essa Bem-aventurança revela o vazio dos valores do mundo. Exalta aquilo que o mundo despreza e rejeita aquilo que o mundo admira. A ideia é que os valores do Reino de Deus são como uma pirâmide invertida. Jesus diz que feliz é o pobre, o que chora, o manso, o puro, o perseguido. Jesus diz que feliz é o pobre de espírito, ou seja, aquele que não se acha autossuficiente, arrogante e soberbo. Jesus diz que feliz é o que chora e não aquele que é durão e insensível. Jesus diz que feliz é o manso, o que abre mãos dos seus direitos e não o valentão que se envolve em brigas intermináveis. Jesus diz que feliz é o pacificador, aquele que não apenas evita contendas, mas busca apaziguar ânimos exaltados dos outros. Jesus diz que feliz é o puro de coração, e não aquele que se banqueteia com todos os prazeres do mundo. Jesus diz que feliz é o que é perseguido por causa da justiça, e não aquele que busca levar vantagem em tudo.

Jesus diz que aquele que ganha a sua vida a perde; mas o que a perde, esse é quem ganha. Jesus diz que o humilde é o que será exaltado. Thomas Watson diz que o mundo pensa que feliz é aquele que está no pináculo, no lugar mais alto; mas Cristo pronuncia como feliz, bem aventurado, aquele que está no vale. 

Assim como a pobreza em si não é um bem, também a riqueza em si não é um mal. Mas o  fato é que essa felicidade não está centrada em coisas externas. Jesus não disse que bem-aventurados são os ricos. Pois, as riquezas por si só não satisfazem. Deus colocou a eternidade no coração do homem, sendo assim, nem todo o ouro da terra poderia preencher o vazio da nossa alma. A verdadeira felicidade não está centrada na posse de bênçãos, mas se encontra na fruição da intimidade com o abençoador. Para alcançar a felicidade, não basta tomar posse (confissão positiva), mas fruir as bênçãos. Um homem pode morar num palácio e não se deleitar nele. Pode ter domínio de um reino e não ter paz na alma. Há uma tendência em todas as possessões materiais de obscurecer as necessidades que elas não podem satisfazer. É a ideia de que uma mão cheia ajuda um homem a esquecer um coração vazio, pois as coisas que comumente esvaziam a vida são as que prometem preenche-la.[1] Jesus tratou disso quando contou a história de um homem que ajuntou muitas coisas em seu celeiro, mas continuou de alma vazia...

A felicidade não está no topo da pirâmide social, nem mesmo no prestígio político e econômico. Quando Davi pecou com Bate-Seba, continuou no trono, mas a mão de Deus pesava sobre ele de dia e de noite. Seu vigor tornou-se sequidão. A alegria fugiu da sua face, e a paz foi se embora do seu coração. A verdadeira felicidade é deleitar-se em Deus, é alegrar-se com o seu sorriso em Deus (Sl 36.8)

Os crentes não serão felizes apenas quando chegarem ao Céu; eles já são felizes antes mesmo de serem coroados. São felizes não somente na glória, mas a caminho da glória.

Sendo assim, as Bem-aventuranças é destinada aos pobres de espírito. Ela faz referencia ao interior e não ao exterior, não ao corpo, mas a uma disposição do ser. Enquanto não formos pobres de espírito Cristo não será precioso para nós, enquanto não formos pobres de espírito não estaremos prontos para receber a graça de Deus. Aqueles que abrigam sentimentos de autossuficiência e sentem-se saciados de si mesmos jamais poderão ser cheios de Deus. Enquanto não formos pobres de espíritos não poderemos ir para o céu. 

Pois os Reino de Deus pertence aos pobres de Espírito. A porta do Céu é estreita e aqueles que se consideram grandes aos seus próprios olhos não podem entrar lá. Sendo assim, o Reino é concedido ao frágil e não ao poderoso; às criancinhas bastantes humildes para aceitá-lo, mas não aos soldados que se vangloriam de poder para obtê-lo por meio de sua própria bravura.


[1][1] HASTINGS, James, apud, LOPES, Hernandes Dias. A felicidade ao seu alcance. São Paulo: Voxliteris, 2008, p. 18.

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