Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao
mundo (Jo 17.18)
Penso que a oração sacerdotal é
um tipo de relatório de final de ministério. Jesus cumpriu tudo o que estava no
plano de Deus. Jesus guardou todos que foram confiados a ele, inclusive Judas.
Se você ler o texto da última ceia, verá que Jesus disse que o traidor é o que
molha o pão na sopa, “o que mete
comigo a mão no prato” (Mt 26.23). O contexto cultural nos diz que só os amigos
faziam isso. Quando Jesus diz isso, penso que ele estava dizendo: “Eu sei que
você vai me trair, mas o meu prato continua aqui”. A atitude de traição de
Judas não mudava o fato de quem era Jesus, ou seja, as atitudes dos outros não
pode mudar quem você é. Judas, por sua vontade, escolheu o seu caminho. Um dos
símbolos da missão é a identidade de quem é Jesus.
Nesta oração/relatório Jesus fala
da vocação da Igreja, que é enviada assim como ele foi enviado. Nessa caminhada
ministerial de Jesus, nosso modelo quero destacar de forma bem simples mais
alguns símbolos da missão, ou da vocação:
Quero destacar a manjedoura. Manjedoura fala de simplicidade que é o oposto
à opulência, a ostentação, pois o ministério não vive apenas de situações
fantásticas. Deus pode fazer coisas fantásticas, mas também existem dias de
calmaria, e, aos olhos humanos até de insignificância. Mas assim é o mistério
do Reino, uma pedra preciosa escondida em um terreno que ninguém quer (Mt
13.44), uma semente insignificante, mas que ao crescer torna-se a maior árvore
da plantação (Mt 13.32).
Destaco ainda o deserto, que ao
meu ver significa a busca de si mesmo. No deserto Moisés perguntou: quem sou
eu, Senhor? A imagem que Moisés tinha de liderança era a de Faraó, imagem de
pompa, grandeza. No deserto nós nos despojamos de tudo para nos encontrarmos
com Deus. No ministério de Jesus, ele passa no deserto para demonstrar que a
glória é de Deus. Em determinado momento do Ministério de Jesus, uma mãe quer
buscar um lugar melhor para os seus filhos na eternidade, a visão humana de
posição e destaque. Jesus reorganiza a mente daquela mãe mostrando que os
princípios do Reino de Deus são proporcionalmente inversos aos princípios do
reino dos homens: “na eternidade é maior quem é menor, é líder, quem serve,
quem obedece” (Mt 20.20-28;Mc 10.35-45; Lc 22.24-26). Só Deus pode ser
reconhecido Rei em cima de um jumento, ou pregado na cruz.
Sendo assim, Missão é o Calvário.
Deus enviou Jesus ao Calvário onde ele nos redimiu. Jesus nos enviou ao mundo
para anunciar esse perdão. Ou seja, a Cruz é o grande palco da atuação de Deus,
o Getsêmani, o Calvário.
Isso nos leva a algumas questões.
1)
A que missão somos chamados a obedecer? A fazer
discípulos. A vida do discípulo é marcada por felicidade subjetiva [ter coisas
é alegria subjetiva] questões espirituais, isso é felicidade na vida. Seguir a
Jesus nos torna feliz, o restante é consequência.
2)
O discípulo trata dos seus olhos. Jesus diz que os
olhos são a luz do corpo.
A tendência do
mundo é cobiçar o próximo com seus olhos. A tendência do muçulmano
fundamentalista é cobrir a mulher totalmente. O discípulo, cobre seu olho.
3)
O discípulo celebra a vida. Paulo preso escreve aos
filipenses: regozijai-vos no Senhor.
Dentro dos símbolos da missão de
Jesus, percebemos que a formação dos seus discípulos só foi possível porque ele
andou com eles. Quando foram prender Jesus precisou beija-lo para que o
identificasse tal era a semelhança dele com os demais. Somos enviados no modelo
de Jesus: Assim como o pai me enviou eu
também vos envio (Jo 20.21).